Mia Couto
Ontem, dia 20 de novembro, foi
comemorado dia nacional da consciência negra, entre tantos eventos que passaram
por alguns lugares do país, é hora de falar sobre a influencia africana na literatura. Já é tempo que a literatura só
se volta a leita de clássicos da literatura americana, europeia, esquecendo-se
das maravilhas que podemos encontrar no CONTINENTE (chega de achar que África é
um país né?) africano.
Aproveitando isso, trouxe hoje um
autor que nasceu em Moçambique, na Beira, em 1955. Foi diretor da Agência de
Informação de Moçambique, da revista Tempo e do jornal Notícias de Maputo. Pois
bem, Mia couto pseudônimo de António Emílio Leite Couto, tornou-se um ícone
para os moçambicanos, um dos ficcionistas mais conhecidos das literaturas de
língua portuguesa.
Tornou-se o primeiro africano a
vencer o prêmio União das Literaturas Românticas, recebido em Roma. A obra
“Terra Sonâmbula” Foi eleita um dos 12 melhores livros de todo continente
africano no século XX. Além do Prêmio Camões em 2013. Sua primeira publicação
foi o livro “Raiz de Orvalho”, em 1983. Desde então as obras do autor reúne
crônicas, poesias, romances e contos.
O livro “Cada homem é uma raça”,
que me encantou, reúne onze contos que envolvem por passar aquela riqueza dos detalhes,
a descrição do cenário onde se passa o livro fazendo com que o leitor se sinta
dentro do livro. O autor também mistura os dialetos moçambicanos e portugueses reconstrói-se
o português “integrando-o dentro de um discurso matizado de palavras,
expressões e frases típicas dos diversos dialetos moçambicanos, indo
afoitamente remexer as tradicionais raízes do mito”.
Então, para fechar nossa “Coluna
6” de hoje um pedacinho do livro “Cada Homem é uma Raça”:
Inquirido sobre a sua raça,
responde:
- A minha raça sou eu, João
Passarinheiro.
Convidado a explicar-se,
acrescentou:
- Minha raça sou eu mesmo. A
pessoa é uma humanidade individual. Cada homem é uma raça, senhor polícia.
(COUTO, 1990)