Iluminados
Episódio 1
Era uma madrugada, parecia
tudo normal, como todas as outras madrugadas. O silêncio era o mesmo,
corrompido apenas pelo som dos grilos, a escuridão era mesma, sombria como
sempre foi. Mas dessa vez algo estava diferente. Um vento gélido soprou,
abrindo a janela, e arrepiando todo o seu corpo, Lúcia acordou no mesmo
instante, sentiu algo jamais havia sentido, ela era uma menina bastante
corajosa, mas estremeceu-se nesse dia, sentia a presença de alguém em seu
quarto. Amedrontada, calçou suas pantufas, acendeu a luz, olhou o quarto
inteiro a procura do alguém dono da presença sentida antes, mas nada encontrou.
Fechou a janela, e certificou-se de trancá-la dessa vez, apagou a luz, voltou à
cama e se pôs a dormir.
- Bom dia meu bebê. Disse
Rafael, abrindo a janela e deixando a claridade entrar. Sua mãe já está lá em
baixo com o café pronto, apronte-se logo e vamos para escola.
- Esta bom pai. Já estou
descendo. E também amo você. Ela estanhou o pai falar isso, pois não era nada
comum isso acontecer.
Rafael deu um beijo na testa
da filha e disse que a amava e jamais deixaria mal algum acontecer à ela, e desceu
para preparar as coisas da aula. Ele era professor de História na escola da
filha, havia escolhido dar aulas para poder ficar perto de Lúcia e protegê-la,
mesmo quando não estavam em casa. Eles moravam em uma fazenda, nos arredores de
Londres, e ficava a 30 minutos do centro da cidade, onde se localizava a
escola.
Lúcia desceu, tomou o café,
apanhou sua mochila e ia para o carro, onde seu pai já a esperava, mas sua mãe
a chamou e ela voltou perguntando:
- O que foi dona Mabel? Já
estamos atrasados, fale logo. E sorriu, para parecer uma brincadeira, pois sua
mãe não gostava que ela a chamasse desse jeito.
- Não é nada meu amor, só
venha aqui e me de um abraço. Disse abrindo bem os braços.
Elas se abraçaram, Mabel deu
um beijo em sua filha e disse que a amava muito, e que faria de tudo para
protegê–la.
- Eu também te amo mãe.
Disse Lúcia, estranhando também a atitude da mãe.
Ela seguiu para o carro e
então juntamente com o pai foram em direção da escola. Lúcia queria contar sobre
o que havia ocorrido na madrugada, mas seus pais estavam muito estranhos e
achou melhor não tocar no assunto.
Seguiram em silêncio durante
quase todo o percurso, quando de repente Rafael vê alguém parado na estrada em
frente ao seu carro, desesperado desviou o carro jogando-o para o acostamento
de uma forma brusca até que o carro parou. Ele olhou para trás e não viu
ninguém, colocou a cabeça sobre o volante e disse em um tom de nervosismo:
- Não pode ser, não já. Eu
não a preparei para isso ainda, eu falhei.
Lúcia estava quieta, não
havia entendido o que acabara de acontecer e então perguntou:
- O que foi isso pai? De
quem você desviou? Eu não vi ninguém na estrada. E levou a mão à cabeça, olhou
para ela e viu sangue, havia batido ela no momento do incidente.
- Eu achei que tinha visto
alguém, me desculpe. Tenho que lhe contar algo que já devia ter lhe contado.
Ele levou sua mão até o
machucado da filha, uma luz saiu dela e então a ferida havia se curado.
- O que é isso? Disse Lúcia
assustada.
- Lúcia, minha querida
filha, eu deveria contar isso junto com sua mãe, mas vejo que a hora chegou, e
não a mais tempo para adiar essa conversa. Minha filha, eu sou um anjo. Vim a
Terra há muitos anos atrás para uma batalha contra os demônios, eu e meus
companheiros saímos vitoriosos dessa luta, mas eles prometeram voltar, e
começar uma nova guerra. Eu e alguns outros anjos, nos apaixonamos por mortais,
como a sua mãe e não pudemos mais voltar para o reino dos céus, e do meu amor
por tua querida mãe, nascestes tu, uma filha de anjo com um humano: uma
nefilim. E eles estão atrás de você e de outros nefilins para se fortalecerem
para a grande batalha que se aproxima, elas os querem para usufruírem dos seus
poderes.
- Mas pai, eu não entendo,
eu não tenho poderes.
- Tem sim minha pequena
Lúcia, só não os descobriu ainda, eles se revelam no décimo sexto aniversário,
e você sendo minha filha, filha do Arcanjo Rafael, o anjo da cura, tem poderes
como os meus, e isso é extremamente importante para eles e para nós em uma
batalha, agora mais do que nunca eu tenho o dever de te proteger meu amor.
Eles voltaram para a estrada
e foram para escola, já estavam muito atrasados e não podiam deixar que aquilo
parasse suas vidas.
Por : Marcus Vinícius Costa , ganhador do reality O Roteirista/ 2014.