- Chame
a carrocinha!
Esses dias indo para a faculdade acordou em mim um medo muito
grande, na verdade, um pavor, fobia, quer dizer cinofobia, que é o pavor de
cachorros pros mais leigos, quando subira um morro o mesmo – monstro de quatro
patas- latia de forma agressiva, mostrando seus dentes pontiagudos e afiados
causando em mim o pânico. Não sabia o que fazer – sabe aqueles sonhos que você
tem vontade de correr mas não consegue? Foi desse jeito. Peguei uma pedra, duas
pedras. E nada. Até que uma menininha, com seus 7 ou 8 anos, me fez sentir-se
envergonhado de ser gente, e de ser adulto, e de ser medroso, por causa desses
monstros caninos. A menininha abraça o cachorro e me disse com inocência, que
só uma criança tem: “ Moço, pode passar eu seguro ele para você”. Fiquei sem
chão, uma criança me defendendo de um animal. Mas, não se brinca com medo. A
menininha ainda continuou “ Moço, por favor, não machuque o cachorro”, ela
agarrada ao bichano e com os olhos amedrontados. Senti vergonha. Descobri no
meio da confusão que levara menos de dez minutos, que o cachorro não tinha
dono, pois é a senhora avisou “esse cachorro fica na rua, os antigos moradores
abandonaram ele”.
Não
consigo lembrar nenhum fato que me fez ter medo de cachorros. E olha que sou
bom de memória, mas nada, nadinha. Nunca fui muito fã de cachorro e nada vida
os únicos que fizeram olhar com humanidade foram o Tobby Marley, Luke, Zig
Braga e só. Tobby Marley, era o cachorro hiper ativo de minha vizinha Natalia,
tinha nome e sobrenome, não era cachorro qualquer. Foi amor à primeira vista,
um poodle branco e ainda por cima virgem tadinho, eu adorava-o. Lembro que uma
vez ele saiu correndo pela rua e todos os cachorros correram atrás dele.
Resultado: foi uma confusão, uma cachorrada, eu no meio, Tobby Marley de outro
e o todo mundo rindo de mim. Que vergonha!
Quanto
a Lokie, foi meu cachorro de pelúcia, tive pelos menos durante uns nove anos,
porém Madrinha cismava com o bicho, achava que ele trazia muita poeira para o
meu quarto e encasquetou que iria tirar todas as suas espumas e assassinar o
cachorro. Tadinho, ele já estava com uma orelha rasgada e um dos olhos já
haviam se soltado, afinal estava “idoso”.
Falando
de cachorros, não tem como citar Zig Braga, esse sim eu admiro. Talvez, por
está só em na literatura, na memória dos leitores cachoeirenses e nas crônicas
de Braga. Tudo bem que Zig corria atrás dos carteiros, era levado, invadia as
missas na catedral porém era um cachorro admirável por suas peripécias, além de
tudo é fictício literário, nunca mordera-me.
Outra
que fazia odiá-la era a Suzy, filha de minha amiga Giovana, ô cachorra nojenta.
Além do primeiro nome, tinha uma segundo porque não se satisfez, a cachorra
Yolada. Yolada era cismada comigo, não latia com ninguém, só comigo. Era só eu
chegar, que Suzy-Yolada começava, era um filme de terror. Eu precisava de
escoltas para passar diante dela. Calafrio. Eu suava frio. Suzy me olhava
preste a dar o bote. Nunca sublimei a inteligência dos animais, mas essa era o
“bicho” em forma de cadela.
Gosto
nem de lembrar o dia que a “diabinha de quatro patas” avançou em mim. Queria
apenas lembrar quem foi que furou a guarda, pois Yolada foi muito rápida.
Esqueci do pior: a cachorra era racista. Lembro muito bem os olhares que a
cadela raivosa dava pra minha amiga Damiana. Fala sério, até os animais
preconceituosos. Onde vamos parar? Que
vergonha! Há pouco tempo atrás a “ erva venenosa” descansou em paz, depois
de aterrorizar muita gente. Outra “famosinha” foi Negra Li, não a cantora de
rapper que protagonizou o seriado da globo “ Antônia”, na qual eu amava. Mas ,
a cachorra da prima Ana, que era extremamente grande, extremamente forte,
extremamente monstruosa. Tadinha, no fundo acho que Negra Li se sentia
solitária, afinal toda vez que ela brincara na rua todos saíam correndo com
medo dela, a rua fica deserta e eu era o primeiro a correr.
Que
os defensores dos animais me odeiem, ou tentem acabar com minha reputação. Que
minha amiga Rênia me xingue ou tente argumentar de mil e uma formas o quão
“eles” são bonitinhos, mas não tem jeito. Se eu vejo aquele cachorro atacando
mais alguém indefeso, irei chamar a carrocinha. Apesar, que madrinha foi curta
e grossa e lembrou-me que não havia mais carrocinhas. Que vergonha! Putz, chamem a carrocinha eu preciso de proteção.
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