Clege Rocha, nos conta um pouco
mais de suas intimidades literárias, e também revela “se já julgou um livro
pela capa”. A amante dos livros, também formada em Psicologia, é uma leitora
eclética, e atualmente está se aventurando com “As crônicas do gelo e do fogo” de George R. R. Martin. Inteligente, verdadeira, e crítica (do bem), nossa
amiga é fera em escrever roteiros e adaptações teatrais, além de ser uma
incentivadora de leitura – o que a torna “ Gente como a Gente”.
Ler, com certeza. Também gosto
bastante de escrever, mas é bem trabalhoso porque sempre acho que não está bom,
aí vou revisar e faço dez mil alterações, sem falar no meu problema crônico com
as vírgulas (rsrs), ou não coloco nenhuma, ou uma centena delas. Já a leitura é
puro prazer.
O que te move?
Deus e as pessoas. Sou daquelas
que nunca perde a fé na humanidade. O que me move é o brilho nos olhos, a
capacidade de recriar-se, refazer-se, reinventar-se e adaptar-se que só o ser
humano tem. Não me considero forte, nem sou muito otimista, mas me recarrego
com a energia dos jovens, com os sorrisos, com os olhares sinceros e a vontade
de mudar o mundo. Não é demagogia, nem costumo falar isso para pessoas, mas fazer
o bem é o que me faz feliz. Saber que fiz a diferença em algum momento pra
alguém é muito gratificante.
Acredito no amor não como sentimento, mas como
prática. Além de ser um princípio cristão pra mim, é também um princípio humano
para a vida. Apesar dos discursos e práticas de ódio e intolerância tão
disseminados nos últimos tempos (que muito me assustam e me entristecem) quero
continuar na contramão e manter a esperança de um mundo melhor para todos.
Poema, crônica, bestseller? Qual seu estilo
literário predileto? Por quê?
Difícil responder essa. Não sou
uma grande leitora de poesia, mas tenho algumas que me acompanham desde sempre
como “Motivo” de Cecília Meireles e “Soneto de Fidelidade” de Vinícius de
Moraes. Bestseller... acho que é impossível não gostar, afinal eles foram
feitos para nos envolver. São leituras leves ou densas, elaboradas ou
simplistas que de alguma forma refletem algum desejo humano, causando um
frenesi coletivo. Já a crônica é um amor
antigo. Conheci esse gênero no 7º ano e foi amor à primeira vista. Lembro-me
até hoje, “A última crônica” de Fernando Sabino no livro didático de língua
portuguesa.
Não sei por que, mas não conseguia parar, eu a li e reli
compulsivamente. A partir dessa, procurei ler muitas outras e cheguei até a
escrever algumas (já me desfiz de todas). Mais tarde conheci Rubem Braga e não
foi uma paixão platônica, pelo contrário, foi um amor que veio com a
maturidade, mas hoje faz parte de mim. Tem algo nesse gênero que me arrebata, é
tão simples e profundo que é difícil explicar. Ai que dúvida, não dá pra
escolher, cada um foi um encontro diferente na minha vida. Amo todos.
Um (a) personagem marcante:
Ana Terra, de “O tempo e o
vento”
Um filme preferido:
São muitos mesmo, mas vou citar
alguns que me marcaram bastante. Antes de terminar esse texto, vou me lembrar
de outros cinquenta, mas tudo bem.
- A vida é bela
- Um estranho no ninho
- Seven
- A onda
Nossa! Adoro um drama!
Livro preferido:
A tenda vermelha, de Anita
Diamant
As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley
Para você Literatura é...
Essencial. É alimento para a
alma. Absorve e arrebata as pessoas para outros mundos, para seus próprios
mundos, provocando sentimentos e sensações inimagináveis. Não consigo pensar
minha vida sem a literatura, faz parte de mim. Sem ela a vida se torna cética,
sem cor, sem brilho.
Quem te introduziu na vida literária?
Minha mãe. Lembro que sempre lia
histórias pra mim e eu tinha alguns livros (poucos, mas tinha). Na escola não tive
“aquele” professor, mas, de alguma forma, vários deles foram importantes nessa
formação literária. As bibliotecas da minha vida foram essenciais, com destaque
para a biblioteca do SESI, onde estudei por três anos e a Biblioteca Municipal
de Cachoeiro, que na minha adolescência funcionava na Casa dos Braga. Lembro
que era meu sonho morar lá. Aquele lugar era mágico pra mim, sempre foi e
sempre será.
Você já julgou o livro pela capa e se
arrependeu? Comente ...
Não me lembro bem, mas
provavelmente sim. Os que julguei ainda não li. Quem sabe um dia mudo de ideia.
Você lida com vários pré-adolescentes
diariamente, como avalia o grau de leitura dos adolescentes atualmente? Para
você, há risco de uma extinção de leitores?
Temos muitos alunos que são
leitores e/ou se interessam por leitura, mas infelizmente a grande maioria
ainda não é leitora. Apesar disso não acredito em extinção. Trata-se de uma
questão cultural em nosso país que nos acompanha desde não sei quando e precisa
ser revertida. Penso que a tecnologia e as redes sociais podem ser vilãs,
quando afastam as crianças e adolescentes da literatura, por apresentar formas
mais fáceis de entretenimento, mas podem ser aliadas quando facilitam o acesso
à literatura impressa ou não e por vezes aproximam o leitor de sua obra e/ou
autor preferido.
( Clege com sua galerinha do teatro. Sempre arrasando nas apresentações.)
É um desafio formar novos
leitores. Quando começa em casa torna-se natural. Quando não acontece, a escola
fica com toda a responsabilidade e torna-se mais difícil. Outros fatores como
nível social e nível de instrução da família também influenciam. De qualquer
forma acredito no incentivo a leitura por prazer. E nesse caso vale tudo, ou
seja, qualquer tipo de leitura e aos poucos pode-se inserir a leitura de clássicos e textos mais
densos e diversificados.
Qual a
obra literária mais “emprestada” na biblioteca na qual você administra?
Atualmente os bestsellers, a
maioria séries :
- Diário de um banana
- A maldição do tigre
- Série Hush, hush
- Fazendo meu filme
- Minha vida fora de série
Atualmente, qual o seu livro de cabeceira/
bolso?
“As crônicas do gelo e
do fogo” de George
R. R. Martin, mas não sei se vou terminar porque já vi a série. Gosto de fazer
o contrário.
(Clege e Ronald, em um evento literário, organizado por Clege)
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