Resenha 2: Capitães da Areia, de Jorge Amado
Por Vitor Abou
O tema de
nossa resenha de hoje é o livro ‘’Capitães da Areia’’, de Jorge Amado, lançado
pela primeira vez em 1937. O livro também recebeu uma atualização para os
cinemas, eu ainda não assisti ao filme, porém pretendo assistir para fazer uma
das próximas resenhas. Assim como outras de suas obras, Jorge Amado utiliza uma
linguagem simples, popular, e ao mesmo tempo, faz usos de lirismos. Por ter
sido considerado proibido na época da ditadura, foi apreendido e alguns
exemplares foram queimados. Alguns anos depois, entrou para a história do
Modernismo Brasileiro, mais precisamente da fase do Romance de 30, que falava
bastante sobre transformações no país.
Jorge Amado,
em Capitães da Areia, ousa ao relatar os problemas sociais do país, sendo
seguido por vários outros autores brasileiros. A primeira parte do livro,
chamada de ‘’Sob a lua, num velho trapiche abandonado’’, apresenta os
personagens, que formam o grupo ‘’Capitães da areia’’ e vivem principalmente
dos furtos. Pedro Bala, um menino loiro e filho de um grevista morto, é o chefe
do grupo formado por mais de cinquenta meninos, como Professor, o único que
sabia ler e por isso, roubava livros para contar as histórias para os outros do
grupo à noite; Sem Pernas, que era um menino amargo, manco e se aproveitava da
sua situação para, junto do grupo, roubar algumas casas; Volta Seca, Pirulito,
Boa Vida, João Grande, dentre muitos outros. Sempre perto dos meninos estava o
Padre José Pedro, que os ajuda levando conforto, carinho e atenção.
A segunda
parte do livro recebe o nome ''Noite da Grande Paz, da Grande Paz dos teus
olhos'' e nela, aconteceu um surto de varíola na cidade, atacando a mãe de Dora
e Zé Fuinha, que acabaram se juntando aos capitães da areia. Pedro Bala defende
Dora, já que alguns garotos tentaram se relacionar com a bela adolescente, e
relaciona-se com ela.
''Canção da
Bahia, Canção da Liberdade'' é o título da terceira parte e mostra os rumos que
os capitães da areia tomaram. Eu, particularmente, adorei o final, porque
mostra detalhadamente sobre os destinos daqueles personagens que se tornam tão
queridos pelos leitores, graças ao incrível texto de Jorge Amado. Narrado em
terceira pessoa, com um narrador onisciente, o livro mostra não somente as
atitudes de violência do grupo, mas também os sonhos e o espírito de criança
escondido nesses garotos que vivem como homens. Um trecho que mostra muito bem
esse lado dos capitães da areia é quando eles brincam no carrossel, no capítulo
''As luzes do carrossel''.
A capa da
edição que li, da editora Companhia das
Letras, mostra jovens da capoeira e ao fundo, uma paisagem que parece ser
uma praia. Gostei muito dessa edição do livro, porque também contém informações
sobre Jorge Amado e o contexto do livro, falando da Era Vargas, além de
apresentar a evolução das capas do livro, sendo todas elas muito bonitas e
tendo total ligação com esse enredo fantástico.
O romance
não trata apenas do problema do menor abandonado, mas também de suas
consequências e outros problemas presentes na sociedade baiana, como violência,
criminalidade, exclusão, prostituição, entre tantos outros. Mesmo escrito anos
atrás e retratando a Bahia, os problemas retratados nele ainda permanecem em
nossa sociedade, e em todo o Brasil, ou seja, são atemporais.

Por fim,
gostaria de ressaltar novamente a magia de Capitães da Areia e a capacidade de
Jorge Amado de retratar os problemas sociais de uma forma tão leve e que
consegue mobilizar seus leitores, causando uma reflexão especial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário