Olá, galerinha.
Apresento a vocês a nossa mais nova coluna do “ELEA”.
“Resenhas do Abou”, será escrito pelo escritor
Vitor Abou. Vitor, que foi ganhador na 2ª temporada do reality “O roteirista”,
ganhou a edição deste ano, e, portanto deve o direito de postar algum material
no blog. O ex-participante preferiu resenhar sobre livros e séries, por isso
está estreando com sua coluna.
Sucesso!
Resenha 1: A
Confissão da Leoa, de Mia Couto
Por Vitor Abou
O livro conta
sobre a trajetória de uma caçada de leões, no vilarejo africano de Kulumani. Na
obra, após diversos ataques de leões, o caçador Arcanjo Baleiro é chamado para
resolver esse problema. Junto dele, vai também o escritor Gustavo, que
pretender descrever cada momento dessa jornada. O livro tem dois narradores,
que se alternam em capítulos: Arcanjo, e Mariamar, jovem que mora em Kulumani e
já teve um encontro com o caçador, na adolescência. A caçada também vira algo
de interesse político, pois o prefeito e sua esposa Naftalinda também
acompanham o caçador.
Ao longo dos
capítulos, pode-se conhecer sobre os costumes locais do vilarejo, como os
estupros, a violência contra as mulheres, a ''kusugabanga'', e a ''corda do
tempo''. Mariamar, em seu diário, relata seus sentimentos e aflições com a
chegada do caçador. A protagonista ainda fala de suas experiências de vida,
enquanto Arcanjo conta os detalhes da expedição e da história de seu irmão,
Rolando Baleiro. O final me surpreendeu bastante, porque, ao longo do texto,
temos uma visão dos personagens que acaba sendo outra no final do livro, sendo
também muito enigmático.
Na capa pela
editora Companhia das Letras, o designer gráfico usa as cores vermelha e cinza,
em que o vermelho representa o sangue, o sofrimento da população,
principalmente das mulheres. A silhueta da leoa, junto das cores vermelha e
cinza, cria um aspecto de mata, em contraste com a fotografia das crianças e
moradores, no plano inferior, apresentando total relação com o conteúdo do
livro.
Em todo início
de capítulo, o escritor nos apresenta provérbios africanos e trechos de textos
de outros autores, como de Walter Benjamin, só deixando a obra mais completa. Mia
Couto faz uma crítica aos costumes autoritários moçambicanos. A figura da leoa
é uma forma de pedir mais respeito e menos violência. Com seu sentido em muitos
casos figurado e com várias figuras de linguagem, o livro consegue surpreender
demais e encantar o leitor.
O tema da
violência contra a mulher é muito importante e atemporal, ainda mais
relacionado aos costumes e crenças de outros povos, por isso, Mia Couto trata
dessas temáticas de forma sutil, sem didatismos nem preconceitos, mas com uma
história forte, polêmica e emocionante que faz com que as pessoas pensem num
mundo mais tolerante e igual entre os gêneros e as diferenças. Mesmo com vários
personagens, o livro não se perde ao longo de suas 251 páginas, muito pelo
contrário, só se enriquece e instiga o leitor a continuar e não parar.
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