Por Vitor Abou
A história do filme em
questão se passa na cidade fictícia de São Judas do Livramento, para onde foram
enviados vários policiais considerados honestos para a resolução da alta
criminalidade na região, que ganhou mais visibilidade com a morte de crianças.
A esse ponto, Francis (Cléo Pires) já é uma novata da polícia, que antes
trabalhava na recepção de um hotel, e é levada para tal expedição. Nessa
expedição, Francis sofre bastante com as brincadeiras machistas dos outros
policiais, por ser a única mulher do grupo, e presencia cenas de apostas sobre o
futuro dela, que para muitos seria sua saída em pouquíssimos dias, porém ela
resiste, mesmo sofrendo, e encara dia após dia, superado seus limites para
demonstrar que é capaz.
De uma forma não tão
direta, o filme também mostra que existem vários policiais no Brasil que são
enviados para missões importantes sem muito preparo, como é o caso da
protagonista, que queria ocupar somente cargos administrativos na Polícia
Civil. A chegada dessa polícia honesta é uma parte que me agradou bastante. Uma
cena que mostra mais uma vez sobre o machismo nessa profissão é quando Francis
vai à delegacia de São Judas do Livramento, fala com o policial presente, mas
esse a ignora, já que fala no telefone, porém a novata insiste, e o policial
ignora-a novamente, até que o policial interpretado por Thiago Martins
aproxima-se e mostra seu distintivo, fazendo com que o policial local desligue
o telefone.
A recepção da população aos
novos policiais, inicialmente, é de forma comemorativa, com aclamações. Com o
tempo, os policiais vão desvendando outros problemas dessa cidade, não somente
a questão da criminalidade, mas também a corrupção e as falcatruas. E como era
de se esperar, essa forma estreita de cobrar as leis acaba incomodando a
população e pessoas de grande importância na cidade, como políticos.

A direção do filme é
excelente, sobressaindo-se em relação ao roteiro, que também é muito bom, porém
com alguns deslizes. As cenas de ação merecem destaque por serem muito
semelhantes aos conflitos reais entre polícia e o crime. Algumas delas ainda
são gravadas em primeira pessoa, deixando o espectador mais próximo da
situação. Uma cena também de destaque nesse ponto é quando os policiais trocam
tiros com os bandidos na favela, os bandidos são vistos pulando os telhados das
casas e se aproximando cada vez mais dos policiais. Assim dando uma impressão de proximidade com
a tela e o público que assiste ao filme.
As atuações também merecem
os devidos elogios, como Marcos Caruso, na
pele do delegado Paulo Froes, que lidera o grupo de policiais e é extremamente
rígido e até sarcástico em certos momentos, e Cléo Pires, que faz um papel não muito fácil, mas de forma
esplêndida, demonstrando nitidamente a insegurança, a tensão e o medo que tomam
sua personagem nas expedições. Um ponto que poderia ser melhor explorado é o
romance entre Francis e Décio (Fabrício Boliveira), já que tal aspecto não é
abordado profundamente, foi feita uma abordagem um pouco superficial e rápida,
que poderia ter sido melhor explorada, principalmente após a morte dele, já que
Francis não se mostra muito abatida.
Ainda falando sobre Décio,
acho que o filme poderia demonstrar os outros policiais limpando o nome desse
amigo, já que foi anunciado de forma errônea e intencional seu envolvimento com
o tráfico de drogas.
De forma geral, Operações
Especiais narra muito bem a atuação da polícia no Brasil e questiona sobre alguns
temas ainda presentes na nossa sociedade, principalmente a temática da corrupção.
Assisti ao filme no cinema recentemente e recomendo!
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