Olá, galerinha
do Entrelinhas e Afins. Hoje, vou comentar com vocês, sobre o livro ‘‘Lucíola’’,
de José de Alencar, que muitos de vocês já devem ter lido para a escola ou até
por conta própria. Se você faz parte do primeiro caso, não fique com vergonha,
porque também estou nele. Li esse clássico de José de Alencar para uma prova,
porém me encantei tanto com ele e com a escrita de Alencar que já estou lendo
outros dele.
O
livro é do período literário Romantismo, da Segunda Geração, e é conhecido como
romance urbano, assim como ‘‘Cinco
Minutos’’, ‘‘A Viuvinha’’ e ‘‘Senhora’’, todos, de Alencar. O
romance é narrado por Paulo, que conta à Senhora G.M. a respeito do seu
envolvimento com a cortesã Lúcia. Em 1855, ele chega ao Rio de Janeiro e se
apaixona por Lúcia à primeira vista, sem saber da sua vida, porém Sá, amigo em
comum deles, a apresenta para Paulo, na Festa da Glória (procissão em louvor de
Nossa Senhora da Glória), com a seguinte fala: ‘‘Não é uma senhora, Paulo! É uma mulher bonita. ’’
A
partir desse momento, Paulo começa a visitar Lúcia em sua casa várias vezes,
porém, em uma outra festa, na casa de Sá, com a presença de outros homens como
Sr. Cunha, Rochinha e Sr. Couto, além de prostitutas, Lúcia exibe-se nua diante
de todos. Com isso, Paulo se afasta dela, contudo, posteriormente, compreende a
amada. Dessa forma, Lúcia entende que Paulo conseguirá tirá-la da vida como
prostituta, e muda-se para o interior com sua irmã mais nova, Ana. Confiando em
Paulo, Lúcia revela que iniciou sua vida de prostituta, porque sua família
estava com febre amarela e não tinha dinheiro para pagar o tratamento. Então, Maria da Glória (seu nome verdadeiro)
começou a receber dinheiro de Couto por relações sexuais que tinha com ele,
quando ainda era adolescente.
Essa
transformação de Lúcia é um dos meus pontos preferidos do livro. No início, uma
mulher extremamente ‘‘cabeça erguida’’, que não dava o braço a torcer e era
extremamente cética e depois, uma mulher que se apaixona, se entrega a esse
amor e faz de tudo para largar a vida de cortesã.O final do livro confesso, que
me surpreendeu. Não vou soltar esse spoiler aqui, mas só digo que foi uma cena
muito emocionante. Só de imaginar todo o momento e as emoções da cena já fico
arrepiado.
A
justificativa para o livro se chamar ‘‘Lucíola’’,
curiosidade de muitos leitores, é apresentada,
na edição da Editora Ática, na página 13, na seção ‘‘Ao autor’’:‘‘(...)
Eis o destino que lhes dou: quanto ao título, não me foi difícil achar. O nome da moça, cujo perfil o
senhor desenhou com tanto esmero, lembrou-me o nome de um inseto. Lucíola é
o lampiro noturno que brilha de uma luz tão viva no seio da treva e à beira dos
charcos. Não será a imagem verdadeira da mulher que no abismo da perdição
conserva a pureza d’alma? (...)’’
Assim como outros
autores da Segunda Geração Romântica, e assim como em outros livros de Alencar,
há o foco na figura feminina, descrevendo-a de maneira inigualável. José de
Alencar mostra todo o preconceito sofrido pelas prostitutas. Sá serve para
representar a sociedade da época, totalmente preconceituosa em relação a
relações sérias entre cortesãs e homens, não apenas relações sexuais. Paulo não
é aquele mocinho sem graça que é cego pela amada, ele fica em dúvida diversas
vezes se realmente vale à pena lutar por esse amor. Já ela mostra-se instável
em relação ao amor.
É impossível não
rasgar elogios a José de Alencar. Eu
o considero um dos maiores escritores brasileiros. Já li alguns de seus livros,
me encantei e por isso li ‘‘Lucíola’’, com grandes expectativas e mais uma vez
não me decepcionei. Pelo contrário, só fiquei ainda mais encantado pela
narrativa de Alencar. A linguagem não é muito difícil, se comparada a livros
como ‘‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’’,
de Machado de Assis, porém, para um
leitor leigo, pode ser um pouco mais difícil.
Há algumas edições
do livro, como a que eu li, da Ática, que apresentam algumas definições de
palavras no final da página. Elas ajudam bastante! Nessa mesma edição, da
Ática, o leitor ainda encontra várias informações sobre a vida, as obras de Alencar
e também sobre o Romantismo.
Como costumo
fazer, vou falar brevemente da capa da edição que li. De cara não identifiquei
o que estava representado na capa, porém no final do livro encontrei mais
informações, que irei resumir agora. Essa é uma obra de Mariana Palma, que
constrói, com vários tecidos, um ambiente para remeter à figura feminina,
tantas vezes ressaltada por José de Alencar. A mistura de tecidos tem uma
analogia à Lúcia: com ela, havia uma mistura de sentimentos em relação a Paulo
e em relação ao amor.
Para encerrar,
destaco mais uma vez que adorei esse livro. É uma narrativa única e muito
inovadora da época, já que os romances que falavam da figura feminina
retratavam jovens burguesas. Recomendo esse livro para todos e acho que todos
deveriam ler esse clássico da Literatura Nacional.
Por: Vitor Abou
Vitor Abou é dono da Coluna Semanal
" Resenhas do Abou", na qual todas às Segundas, o autor/ escritor
posta um texto crítico, seja fílmico ou literário. Abou ganhou o direito de postar,semanalmente, no "ELEA", por ter vencido com glória, a 2ª
edição, do reality " O Roteirista", realizado em 2015.
Amei o post...sou apaixonada pelas obras de José de Alencar
ResponderExcluirQuem bom! Seja bem vinda ao nosso blog!
ExcluirSou do time que leu essa obra e ‘‘Cinco Minutos’’ na escola, por obrigação, mas me encantei tanto que comprei e li ‘‘A Viuvinha’’ também! Inclusive estou ensaiando reler todos os três até o final desse ano. :)
ResponderExcluirBjs