
O livro tem
como protagonista Malorie, mãe de
duas crianças: Garoto e Menina (sim, esses são seus nomes). Eles vivem uma
realidade muito diferente da nossa. Malorie criou seus filhos para fazerem tudo
no escuro, então em alguns momentos do livro, é possível encontrar cenas deles andando pela floresta e até em um barco,
usando vendas. Quatro anos após o início de ‘‘tudo’’, muitos morreram e outros
estão escondidos, como Malorie e os filhos pequenos. Com medo do local onde
vive, em meio ao caos, ela foge com os filhos e passam por muitas aventuras e
momentos de tirar o fôlego do próprio leitor. Além disso, eles são seguidos, só
que não se sabe por quem, se é um homem, um ser desconhecido ou um bicho. Só
quem sabe são as vítimas, que já estão mortas. E caso eles abram seus olhos,
podem morrer, por isso o subtítulo ‘‘Não abra os olhos’’.
Josh Malerman alterna sua narrativa entre passado e
presente, ou seja, em alguns momentos volta ao passado da protagonista, quando
ainda tinha sua irmã viva, e também quando ficou numa casa, na época de sua
gravidez. Nesse mundo pós-apocalíptico, Malorie tem que tomar decisões muito
importantes e precisa recorrer ao passado, para salvar sua família. Um momento
muito interessante do livro é quando Malorie se junta a um grupo, formado por Tom, o líder, e outros desconhecidos, e
juntos eles precisam se virar para resistir ao terror que está solto nas ruas.
E quando os suprimentos acabam? Sim, eles foram obrigados a ir ao lado de fora
para continuarem vivos.
O livro é muito
ágil. Não dá para não ler rapidamente. A narrativa, muito bem construída, é
estruturada com uma agilidade e vários detalhes que ajudam o leitor a
identificar e imaginar as cenas de forma impecável. Nesse livro, quando você
termina um capítulo, quer logo emendar em outro, e outro ... Em alguns trechos,
como no primeiro capítulo, as frases curtas colaboram com o clima de suspense e
tensão, como no trecho abaixo, da página 7:
‘‘Tem as mãos úmidas. Treme. Bate o pé, nervosa, no
piso de azulejos rachados. É cedo. O sol ainda deve estar surgindo no
horizonte. ’’
Ao contrário do
que eu comecei a imaginar em determinado momento do livro, ele não retrata
somente os seres que estão deixando o espaço um caos, mas também os
personagens, por meio de descrições psicológicas, falas que conseguem imprimir
uma emoção real, de personagens que estão totalmente desesperados com o que está
acontecendo, além, obviamente, do medo. O
terror de ‘‘Caixa de Pássaros’’ é
muito mais psicológico e dependente da imaginação do leitor, pois, sem ela, é
impossível gostar e entender bem o romance.
Um aspecto
importante do livro é mostrar que o terror não é feito somente de cenas
sangrentas e com criaturas horrorosas, mas sim com muita tensão e com terror
psicológico. Destaco agora um trecho da página 96:
‘‘Malorie rema. Parece que seu braço está pendendo do
corpo. No entanto, ela rema. O lugar para onde está levando as crianças pode
não existir mais. A viagem excruciante e às cegas pelo rio pode não dar em
nada. Será que quando chegarem ao seu destino, ao fim do rio, estarão seguros? E
se o que ela está procurando não estiver lá?’’
Essas duas
interrogações no final desse trecho ajudam bastante a deixar o leitor em um
momento de reflexão. O leitor se põe no lugar de Malorie e seus filhos, que
estão fugindo de algo que nem sabem o que é. Malerman faz com que o leitor
sinta medo dessa situação junto com os personagens.
Antes de falar
do final, um pouquinho sobre a capa do livro... Dizem que não se pode julgar um
livro pela capa, mas foi exatamente o que eu fiz com ‘‘Caixa de Pássaros’’ e fico muito feliz por isso, já que me
encantei por ele logo quando o vi, na livraria. Nunca tinha ouvido falar, nem
nada. Simplesmente comprei e li. Essa capa tem esse poder. O seu tom escuro
combina bastante com toda a história, além claro, do contraste das cores e a
presença dos pássaros. Recomendo também que, quem quiser, assista ao
booktrailer do livro. Assista AQUI!
Ele é muito
bom! Vale a pena assistir. Sobre o final do livro. Realmente, o final não é
aquele final certinho, com todas as respostas claras, certeiras e objetivas.
Realmente, NÃO. Josh Malerman conta, nesse desfecho, mais uma vez, com a
imaginação do leitor, até porque o final não seria algo muito coerente de ser
explicado, já que não se pode ver, então como vão explicar? Ninguém viu, ouviu,
sentiu, então ninguém sabe de nada a respeito do que estava acontecendo. Uma
explicação nesse final seria até um pouco incoerente e ‘‘do nada’’.
Para concluir, ‘‘Caixa de Pássaros’’ é aquele tipo de
livro que consegue surpreender qualquer um. Se você gosta de livros de terror,
leia, e se você não curte tanto, também leia. Enfim, eu recomendo para qualquer
um, pois é uma narrativa intensa, ágil e, principalmente, que combina muito bem
suas doses médias de terror e suas GRANDES doses de tensão. Como disse Hugh
Howey, autor de ‘‘Silo’’, em uma citação que está na capa do livro, ‘‘ninguém
havia escrito uma história de terror como essa antes’’.
Por: Vitor Abou
Vitor Abou é dono da Coluna Semanal "
Resenhas do Abou", na qual todas às Segundas, o autor/ escritor posta um
texto crítico, seja fílmico ou literário. Abou ganhou o direito de postar,semanalmente, no "ELEA", por ter
vencido com glória, a 2ª edição, do reality " O Roteirista",
realizado em 2015.
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