Olá, queridos
leitores do ELEA. Como vão vocês? Hoje é o dia da penúltima resenha desse
quadro tão querido por vocês, leitores, por mim e também pela Equipe ELEA, que
me recebeu tão bem com esse desafio. Seguindo a ordem, hoje é dia de falar de
livro e o escolhido de hoje é um clássico do húngaro Ferenc Molnár, ‘‘Os meninos da rua Paulo’’.
‘‘Os meninos da
rua Paulo’’ é um livro do escritor húngaro Ferenc Molnár e a edição que eu li
foi da Editora Cosac Naify, com 262 páginas, e traduzido por Paulo Rónai. Li
esse livro há uns três anos e decidi reler para fazer essa resenha, pois é um
livro que nos faz pensar bastante e nos leva ao mundo da infância, da inocência
e das brincadeiras. Não conhecia o trabalho do autor e li o livro pela primeira
vez na escola, porém ele me encantou de uma forma absurda. A trama é um sucesso
na Hungria e existe até uma estátua em Budapeste, com uma das cenas do livro.
A história se
passa em Budapeste, na Hungria, na década de 1880, e fala, basicamente, de dois
grupos rivais de crianças: os meninos da rua Paulo, que brincam nessa rua, e os
meninos do Jardim Botânico, os camisas vermelhas, que não possuem um lugar para
brincar. Os da Rua Paulo são crianças muito ativas, brincam de bolinha de gude,
de ‘‘pela’’, porém têm seu espaço ameaçado
pelos do Jardim Botânico, que declaram ‘‘guerra’’ aos outros pela conquista do
terreno, chamado de grund. Em ambos os grupos, um fator que impressiona é a
organização. Há uma hierarquia entre eles, como se fosse um exército real.
No grupo da Rua
Paulo, entre os principais personagens estão João Boka, o general, um menino
mais velho, mas muito compreensivo e cuidadoso com os demais; Geréb, um menino
bom, que chega a trair o grupo, mas se arrepende; e Nemecsek, o mais fraco e
menor, que obedece a todos os outros. Esses meninos fundam também a Sociedade
do Betume. A maioria dos personagens é formada por crianças, com pouquíssimos
adultos, deixando a trama com um tom ainda mais belo, leve e poético.
O enredo
desenrola-se principalmente após a declaração de guerra entre os camisas
vermelhas e os meninos da rua Paulo. Eles criam estratégias e levam bastante a
sério essa guerra. São disciplinados e têm a honra de um exército de verdade.
Esses meninos constroem um mundo paralelo, com suas vontades, sonhos, lutas, e
missões.
Embora pareça
um livro infantil, ‘‘Os meninos da rua Paulo’’ é uma trama complexa, não uma
simples disputa entre meninos. O livro é para todas as idades, desde jovens até
adultos e idosos, que têm a possibilidade de retornar ao passado e relembrar da
infância e da juventude, tempos que não voltarão, mas as memórias permanecerão.
Um aspecto que é muito especial no livro é como ele detalha tudo muito bem.
Ferenc Molnár tem uma narrativa que deixa o leitor muito próximo dos
personagens e da trama, como se nós estivéssemos dentro da história. Isso se
deve à riqueza dos detalhes e ao enredo forte, atraente ao leitor.
Apesar de ter
sido escrito há alguns anos, o romance tem uma linguagem simples, sem muitas
palavras antigas, com uma boa tradução, que também mantém algumas palavras como
pela (o jogo dos meninos, semelhante
ao jogo de tênis) e grund (o
terreno), o que também deixa a história realista e bem viva.
O livro retrata
os valores individuais de cada um dos meninos, fazendo analogias incríveis com
o mundo adulto, o que nos emociona de uma forma difícil de expressar. O tom
minucioso e sutil com o qual o autor descreve cada frase, em cada capítulo, torna
a trama ainda mais suave, daquelas que você tem vontade de ficar só admirando.
Não posso
deixar de comentar sobre a edição que li. Achei muito boa a tradução do Paulo
Rónai, porém o prefácio, feito pelo tradutor, é uma decepção para quem o lê na
ordem na qual se encontra. Ele dá muitos spoilers
do livro, antes mesmo de lermos a história, o que desanima bastante o
leitor. Esse prefácio poderia ser retirado ou colocado como um item extra após
o posfácio. A capa dessa edição é muito bonita, uma pintura que expressa bem a
trama, mostrando as crianças felizes, brincando.
O livro
descreve cenários simples, até pobres, mas que com a criatividade daquelas
crianças eram verdadeiros campos de guerra e de brincadeiras para sempre, sem
tempo, sem nada. Uma mensagem muito bela do livro é mostrar que existem no
mundo muitas crianças que lutam por um espaço de liberdade, sem medos, em um
mundo só delas, paralelo. Isso faz parte de todos nós. Nós lutamos,
constantemente, pela nossa liberdade, por sermos livres de nós mesmos. O livro
em si me fez lembrar de um filme muito conhecido de quem acompanha a Sessão da
Tarde: ‘‘O pequeno Nicolau’”, no qual crianças também se reúnem em um grupo
paralelo.
O final do
livro é um dos momentos mais emocionantes. Um desfecho triste, mas que ainda
assim levanta todos os valores mostrados no livro, principalmente, a lealdade e
o carinho.
Muito mais do
que um livro sobre crianças, ‘‘Os meninos da rua Paulo’’ é uma lição de vida,
que nos ensina valores como paixão pelo que faz, companheirismo, perdão, honra,
gratidão, RESPEITO, caráter, devoção, coragem, LEALDADE e AMIZADE. Conseguimos
nos identificar com as crianças, com as brincadeiras delas e do jeito simples,
humilde e ingênuo, de algumas delas, de ser e de viver.
Por fim,
gostaria de ressaltar que ‘‘Os meninos
da rua Paulo’’ é um livro EXCELENTE, daqueles que todos deveriam ler. Todos
mesmo, desde crianças até adultos. Essa história fala sobre meninos que tinham
que ser meninos, embora brincassem de serem homens, sérios, soldados, generais,
e capitães. Enfim, recomendo de coração que todos leiam e se emocionem com esse
livro que é um dos melhores que já li.
Vitor
Abou é dono da Coluna Semanal " Resenhas do Abou", na qual toda
semana o autor/ escritor posta um texto crítico, seja fílmico ou literário.
Abou ganhou o direito de postar,semanalmente, no "ELEA", por
ter vencido com glória, a 2ª edição, do reality " O Roteirista",
realizado em 2015.
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