Olá, queridos eleanáticos. Tudo bom
com vocês? Hoje, eu, Vitor Abou, estou de volta com mais uma resenha. Essa
resenha de hoje marca o retorno desse quadro que eu adoro tanto, o Resenhas do
Abou, que inicia sua temporada 2018 com um clássico da literatura brasileira.
Estou falando do famoso ‘‘O Ateneu’’, de Raul Pompeia, conhecido escritor que
transitou entre Realismo e Naturalismo. Li esse livro na escola há uns anos e
só agora resolvi fazer essa resenha, em meio a tantas mudanças em nosso sistema
educacional. Bora lá!
Título: O Ateneu
Autor: Raul Pompeia
Editora: Zahar
Número
de páginas: 264
Ano
de publicação:
2015
|
Sinopse da editora:
"'Vais encontrar o
mundo', disse-me meu pai, à porta do Ateneu. 'Coragem para a luta.'"
A luta foi grande
para Sérgio, o narrador que revive a traumática experiência do internato e o
sofrido rito de passagem da infância para a adolescência. E grande também foi a
empreitada de Raul Pompeia, que com esse romance rompeu barreiras temáticas - criticava
abertamente a elite brasileira e deu papel central à homossexualidade - e
estilísticas, transitando livremente entre a ficção, a poesia e o ensaio. O
resultado é um livro surpreendente, um dos primeiros romances modernos da
literatura brasileira, repleto de inovações e ousadias.
O
Ateneu: edição comentada e ilustrada traz
o texto integral e as 44 ilustrações originais de Raul Pompeia, notas
explicativas e uma apresentação que recupera as principais linhas
interpretativas do romance, desde a época de sua publicação até nossos dias,
escrita especialmente para essa edição. A versão impressa apresenta ainda capa
dura e acabamento de luxo.
Esse grande clássico da nossa
literatura, resumidamente, conta a história de Sérgio, que entra na
adolescência e tem uma grande mudança em sua vida: é mandado para estudar no
colégio interno só de homem, o Ateneu, conhecido por seus costumes tradicionais
e elitistas. O próprio protagonista é quem narra todas as suas aflições,
alegrias, tristezas, fugas, etc. Porém, ele narra tudo isso anos após esse
período no internato, onde surgiram muitas reflexões típicas da adolescência,
como em relação à sexualidade.
Publicado originalmente no final do século
XIX, a obra, como comum na estética literária do Realismo, tece diversas
críticas à sociedade da época, sobretudo, em relação à elite e à educação passada
aos jovens dessa classe social, apresentando como esse ensino era crucial na
formação dos indivíduos, alguns de forma positiva e outros de forma negativa.
Todo o universo criado por Pompeia dentro daquele internato representava a
sociedade da época, seja por meio da desigualdade e das injustiças, ou por meio
do autoritarismo, com o diretor Aristarco, um homem severo e cruel com os
alunos, chegando a humilhar alguns deles.
‘‘A primeira impressão é a que fica’’.
No caso do personagem Sérgio, essa frase não se aplica tanto. Ele muda
completamente a sua opinião a respeito do internato. De início, Sérgio
encontrava-se deslumbrado com aquele universo tão diferente do que ele vivia.
Adolescente, ele sentia-se mais maduro e independente ao sair da casa dos seus
pais. Para quem até então tinha estudado em uma ‘‘escola familiar’’, como é
narrado logo no 1° capítulo, o internato era um ambiente desafiador, que, na
percepção de Sérgio, consagrava-o como adulto. Entretanto, ele passou a
perceber que, na verdade, tudo era bem diferente do que ele tinha imaginado.
O subtítulo do livro, geralmente
esquecido nas resenhas e estudos, é ‘‘crônicas de saudade’’, ou seja, mais uma
prova das saudades sentidas pelo narrador daquela rotina que era levada por ele
antes do internato. Uma rotina que permitia que ele brincasse, que ele tivesse
mais liberdade do que no ambiente ao qual foi levado.

Imagem do site Vida Literária
Em relação à linguagem, como é de se
imaginar, trata-se de formalidade e rebuscamento. Por esses motivos, muitos
leitores acabam tendo dificuldade em entender palavras e até as situações
narradas. Há diversas relações de intertextualidade com o Classicismo, a filosofia,
a história, as artes, como sobre Robinson Crusoé, Epicuro, Alexandre Dumas. Mas
tudo isso é muito bem explicado pelas notas de rodapé, pelo menos na edição da
Zahar, que ajuda bastante seus leitores na interpretação.
Alguns pesquisadores e até leitores
acreditam que a obra foi pioneira ao retratar a questão da homossexualidade.
Entretanto, essa abordagem, no livro, não é aprofundada. Isso parte mais da imaginação e da
interpretação que cada leitor dá à obra, afinal, um livro pode ter diversas
interpretações de acordo com quem o lê.
Uma história densa e crítica. Assim é
possível definir esse grande sucesso de Raul Pompeia. O final da obra não deixa
a desejar, muito pelo contrário, é extremamente inesperado e só comprova a vontade
de Pompeia de levar seus leitores à reflexão.
Também não poderia deixar de comentar a
respeito da edição da Zahar. Essa editora tão competente tem feito ótimas
edições de clássicos da literatura brasileira e mundial, envolvendo desde obras
de Jane Austen a clássicos portugueses, como ‘‘Os maias’’. A capa dura da Zahar
também é um charme que muito me atrai. As ótimas notas de rodapé, como já
citei, também são muito importantes para tornar a leitura mais fácil e
prazerosa.
Encerro agora com uma novidade no Resenhas do Abou de 2018. Em todo final de resenha, avaliarei a obra usando as estrelas, de 1 a 5. As estrelas pintadas correspondem à minha avaliação.
✮ ✮ ✮ ✮✩
E essa foi a primeira resenha do Abou
da temporada 2018. Semana que vem tem mais. Até lá!
Acho que todos aqueles que já tiveram literatura no colegial já tiveram a oportunidade de ler a obra de Raul Pompeia, que pe muito boa por sinal, Infelizmente não consegui consumi-la por completo. O meu contato com "O Ateneu" foi a sua versão ilustrada (em quadrinhos) distribuída por uma editora que não me recordo o nome. Gostei da resenha. Esperando a próxima :D
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