Olá, queridos eleanáticos. Tudo
certo com vocês? Eu, Vitor Abou, estou de volta hoje com mais uma resenha desse
quadro que eu adoro escrever. O livro a ser resenhado dessa vez é Por parte de
pai, de Bartolomeu Campos de Queirós, autor falecido em 2012 e muito famoso na
literatura infantojuvenil. O meu contato com ele foi devido à faculdade. Tive
que lê-lo para uma aula e gostei bastante. Por isso, resolvi comentar um pouco
sobre essa obra, que é uma das menos conhecidas do autor e até um pouco difícil
de se achar à venda. Vamos lá!
Título: Por parte
de pai
Autor: Bartolomeu
Campos de Queirós
Editora:
RHJ Livros
Número de páginas:
73
Ano: 1995
|
Sinopse da editora:
‘‘Da
recriação de cenários da infância no interior, emerge a cumplicidade avô/neto,
num poético exorcismo de saudade. As paredes da casa do avô tornam-se o
primeiro livro do menino, mas sua primeira leitura é o olhar do pai. Um mútuo
amor calado, imenso, perpassa pelas páginas deste livro em que o avô reina e o
neto é o seu súdito encantado.’’
Como disse, li esse pequeno romance
para uma aula da faculdade — faço
Letras, para quem não sabe —, mas tive alguns probleminhas em encontrar o
livro. Ele não é tão atual e não teve novas tiragens recentemente. Porém, não é
difícil achá-lo em sebos, sobretudo virtuais, como a Estante Virtual. Algumas
livrarias ainda possuem ele, mas é necessário encomendar ou comprar online. Em
lojas físicas é bem mais complicado de achar.
Resumidamente,
o livro é narrado em primeira pessoa por um menino, que conto o seu convívio
com seu avô, numa região no interior de Minas Gerais. Mas a narrativa não se
restringe a isso. O menino conta como é o seu cotidiano, o que costuma fazer
quando vai para a casa dos avós, etc. Esse avô é muito especial por ser um
escritor um pouco diferente. Ele não usa papel ou qualquer material parecido
para escrever. Usa as paredes de sua casa. Isso mesmo! As paredes são o local
de sua escrita.

Um
elemento muito importante para dar o tom sensível e poético do livro é a
linguagem. Ela é extremamente simples, até porque se trata de uma obra
destinada ao público infantojuvenil. Mas essa leveza da linguagem também é
fundamental para um ar mais metafórico, optando por descrever todas as minúcias
desse ambiente rural, o que aproxima o leitor. Provavelmente, todo mundo já foi
em algum lugar no interior e a forma única de narrar, escolhida por Bartolomeu
Campos de Queirós, reúne elementos comuns em todos esses ambientes rurais,
principalmente a simplicidade e o acolhimento, características muito marcantes
do avô do narrador também.
O
motivo para esse convívio tão intenso entre o menino e o avô é uma doença da
mãe, que está no hospital, já o pai vê o filho de vez em quando. Essa questão
mexe muito com o menino, que também possui outras indagações típicas da
infância. Ele é extremamente curioso, inquieto e, sobretudo, um admirador de
seu avô, que registra tudo o que vê ou ouve pela região.
A
passagem do tempo é outro aspecto a ser observado nessa obra. Não há marcações
tão específicas dessa passagem, apesar de sabermos que o tempo está mudando,
devido à ocorrência de diversos fatos, como a morte de um galo, que mexe muito
com o narrador. Campos de Queirós deixa isso bem presente nesse trecho:
‘‘O tempo tem uma boca imensa. Com sua
boca do tamanho da eternidade ele vai devorando tudo, sem piedade. O tempo não
tem pena. Mastiga rios, árvores, crepúsculos. Tritura os dias, as noites, o
sol, a lua, as estrelas. Ele é o dono de tudo. (...) Ele consome as histórias e
saboreia os amores.’’ (p.
71)
Esse
trecho é falado pelo avô. Um avô durão, que praticamente não chora, mas também
um avô sensível, uma espécie de professor para esse neto, conversando e
aconselhando-o sempre que possível. Por esse motivo, a leitura desse livro é
extremamente nostálgica, pois reacende, em nós, leitores, memórias e lembranças
dos nossos avós ou outros parentes queridos.
Em
relação à diagramação e ao trabalho artístico dele, gostei bastante também.
Como já falei, é um livro bem curtinho. Eu mesmo li bastante rápido. A letra
também é grande, mais um artifício bom para atrair o público infantil. A capa é
muito bonita. Não sei se essas pessoas são parentes do autor ou de algum membro
da editora, mas achei super essas fotografias muito interessantes e
relacionadas à proposta do livro, que é trazer memórias sobre o avô.
Finalizando:
‘‘Por parte de pai’’, apesar de ser considerado como infantojuvenil, agrada
vários outros públicos, por ser uma narrativa simples e bem próxima da nossa
vivência, ainda mais por se passar no interior de um estado brasileiro.
Recomendo que você, querido leitor do ELEA, procure esse livro no sebo ou até
em alguma biblioteca em sua cidade.
Espero
que leiam essa preciosidade da nossa literatura nacional infantojuvenil e que
curtam muito, assim como eu curti. Até a próxima, eleanáticos!