Acordei com minha mãe batendo na porta e dizendo que já
estávamos atrasadas, afinal hoje era o meu dia de dar um depoimento sobre o que
ocorrera na noite do acidente em que Bruna foi morta. Ninguém tinha noção o
quão dolorido relembrar isso era pra mim,
mas eu sei muito bem que a dor da gente não sai no jornal, e que no
fundo ninguém se importava com o que eu sentia.
Afinal é sempre assim todos estão sempre prontos a lançar suas flechas carregadas
de julgamentos, a verdade nem sempre é aceita, e o que prevalece é o egoísmo
feroz e atroz que corrompe e mancha os corações humanos.
Levantei lentamente. Vesti uma roupa básica e sem cor –
representava muito bem o estado em que me encontrava naquele dia. Tomei o café
que minha mãe havia preparado e em seguida saímos de carro rumo ao escritório
do Dr. Rubem para o interrogatório.
Ao chegarmos ao local fiquei muito apreensiva, pois nunca
tinha passado por uma situação dessas, pedi minha mãe que me levasse pra casa,
logo ela disse:
- Filha, você sabe que não podemos voltar, você terá que
encarar essa tempestade negra, mas saiba que estarei ao seu lado. Você e as
meninas saíram ilesas dessa história.
- Em falar nas meninas já faz dois dias que não nos falamos.
Queria que elas estivessem aqui comigo.
Bati a porta e fui recebida pelo Dr. Rubem e mais dois
policiais, me pediram que sentasse no famoso divã.
- Vamos começar. Disse o Dr. Rubem. - Laila gostaria que me
contasse nos mínimos detalhes tudo que viu, ouviu e falou no dia do acidente.
Espero que você contribua, uma vez que, a
Roberta não se disponibilizou a nos detalhar todo o ocorrido.
- Naquela noite Roberta, Lorena, Rafaela e Nicole foram até
a minha casa e da lá resolvemos ir para praia comemorar mais um ano de
faculdade concluído, eu fui dirigindo o carro. Ao chegarmos lá fomos nos
encontrar com alguns amigos num barzinho. Comemos. Dançamos. Conversamos.
Bebemos uns drinks. E lá por volta das 2:00 da madrugada resolvemos ir embora,
mas os meninos que estavam lá queriam que ficássemos mais tempo com eles e com
as outras meninas que também estavam lá, entre elas estava Bruna, que já havia
bebido muito e se encontrava atracada
com o Junin. Resolvemos ficar mais um pouco, e quando finalmente resolveram ir
pra casa os meninos resolveram fazer uma
troca de carros, e eu as meninas fomos embora em carros diferentes. Saímos de Marataízes, e de repente os carros
que se seguiam pararam no acostamento. Todos saímos para ver o motivo, foi
quando eu vi Bruna chorando e gritando Junin, daí percebi que tinha acontecido
uma briga no carro em que eles estavam, de repente Roberta entrou na briga e
como todos estavam alterados, a discussão logo tomou uma proporção maior.
Quando acabei de dizer isso não consegui me conter e comecei
a chorar, minha mãe veio ao meu encontro e me deu um abraço e eu disse a ela que não conseguia mais dizer nada e que queria ir pra casa.
Os policias e o Dr. Rubem se entreolharam balançando a
cabeça em sinal de reprovação, foi quando Dr. Rubem disse:
- Tudo bem Laira, por hoje é só. Você nos ajudou bastante
com seu depoimento, pode ir pra casa, mas saiba que irá retornar aqui logo após
os depoimentos de suas amigas, pois ainda nesta semana vocês irão depor todas
juntas frente a frente. Será neste momento que saberei se as versões da mesma
história se igualam ou se divergem, e saberei QUAL É A VERDADE CERTA.
Por: Laira
Lorraine Dobrovosk
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