Por: Dani
Preciso contar a vocês minha história: gostaria de iniciar
dizendo um “olá”, mas do jeito que as coisas estão não temos muito tempo a
perder com cumprimentos bobos e sentimentalóides. Preciso ser direta. Estamos
aqui nessa espécie de esconderijo improvisado, um porão para ser mais exato, na
casa de praia de algum desses que me acolheram. Estou com uma turma de
sobreviventes, mas ao mesmo tempo estou sozinha. Estamos no cada um por si, e
ninguém por todos.
As coisas lá
fora estão indo de mal a pior, a guerra já dominou quase todo o país e nós
estamos aqui, como ratos de laboratórios prontos para qualquer tipo de
experiência. Olho pro lado, com a ajuda da meia luz ambiente, e vejo meus
parceiros de laboratório tentando interagir como se realmente acreditassem que
todos fossem sobreviver. Tadinhos, ele ainda tem esperança de viver!
Não temos água,
nem comida, e estamos todos cheirando a esterco, o lugar úmido ajuda a dá
sensação de mofo, juntando com o suor de nós mesmos. Felipe esses dias sugeriu bebermos a própria
urina, porém Leonardo,
metido a corajoso prometera sair para “vê como as coisas estavam”. O galã ainda
olhou para mim, tentando fazer um charme, o coitado esquecera que havia 4 dias
que ele não escovara dentes, e seu hálito estava parecendo com odor de gambá.
Ainda tive que suportar Júlia e Lucas
fumando a última pedra de crack, na qual aproveitavam como se fosse à
última gota d’água do planeta, o que não deixa de ser verdade.
Irís, jornalista e metida
intelectual, comentou que na última vez que fizera reunião de pauta na emissora
na qual trabalha havia burburinhos que nos EUA estavam criando campos de
concentração para exterminar grupos isolados. Marcos,
outro extremista do grupo, esbravejou com o comentário de Isís e disse
que isso era inadmissível, ninguém entendeu sua reação. Depois, descobri que
Marcos, era criado por duas mães, por isso sua revolta e o motivo de lágrimas
no rosto, misturada com um ódio assustador.
Ao lado de
Marcos, estava Carolina que junto a sua fé rezava e pronunciava palavras
desconhecidas por mim. No outro lado estava Nayla, assustada e desconfiada, a
moça fugira da guerra da Síria em busca de vida melhor, e acabou desembarcando
em outro território de guerra, ela entende algumas coisas que falamos, já nós
raramente conseguimos entende-la.

Íris acabou de
conseguir se conectar com uma rede wifi, com um de seus quatro aparelhos
portáteis, e as notícias não são das melhores
....
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