Por:
Felipe
Depois
do bombardeio ao nosso esconderijo, vagamos dias e dias pelas cidades fantasmas
da capitania sudeste. Eu, Nayla, Marcos, Carolina, Leonardo e Íris conseguimos
escapar, apesar de feridos escapamos com vida desse pesadelo que nunca termina.
Depois
de dois dias de caminhadas, avistamos um vilarejo aparentemente abandonado.
Enquanto as mulheres dormiam, os homens se revezavam para vigiar a pequena casa
que nos abrigávamos. Eu e Marcos resolvemos procurar mantimentos nos sobrados
próximos e deixamos Leonardo – o metido a machão – cuidando das meninas.
Consegui
achar umas latinhas de atum, um pacote de biscoitos e alguns restos de comida
estragada. Marcos achou uma latinha de cerveja aberta e entornou o restante
quente pela garganta. Marcos avistou ao lado dos mantimentos, alguns cartuchos e
aproveitou para carregar a arma que trouxera do esconderijo. Afinal
precisávamos de munição para nos proteger de qualquer perigo. Marcos viu o selo
do Grupo Exterminador colado no teto da casa.
- Temos que nós poca fora daqui. Eles
estão aqui – diz Marcos, pegando a mochila, parecendo
surtado.
- Como você sabe? –
perguntei sem entender nada. Marcos era sempre calmo, vê-lo naquele estado foi
surpreendente.
- Esse local não é fantasma atoa, ele
foi esvaziado pelo GE. Além do mais, essa cerveja e esses mantimentos foram
consumidos há pouco tempo – diz Marcos, saindo da
casinha.
Eu o
sigo. Escutamos barulho dos tiros. Marcos me faz sinal para ter cuidado. Aproximamos
de nosso novo esconderijo e deparamos com Leonardo ao chão ensanguentado,
enquanto Carolina meditava algum mantra.
- Não vou falar de novo! Com quem vocês
estão? – gritou um dos soldados do GE.
- Vocês são rebeldes andarilhos? Onde
está a chefe de vocês? – pergunta o soldado negro.
- Nós não somos rebeldes. Somos apenas
imigrantes – diz Irís, tomando uma pesada do terceiro
soldado e caindo machucada no chão.
No instante que Irís foi agredida, Marcos não
se conteve e começou a atirar em direção aos soldados. Nayla tirou Irís de
dentro do esconderijo, enquanto Carolina tentou pedir paz e foi atingida com
seis tiros no peito, caindo morta no chão.
De
repente, uns dos soldados levou uma flechada no pescoço, seguido pelo segundo
soldado, até sobrar o último soldado. Não éramos nós que estávamos atacando. Um
rapaz de roupas rasgadas, de barba e trancinhas, pulou dentro do esconderijo e rapidamente
esfaqueou o terceiro soldado, que caiu no chão. Porém, antes de morrer o
soldado conseguir atirar na cabeça do rapaz que nos salvou, e infelizmente ele também
morreu.
Ficamos todos espantados com
a guerra que acabara de acontecer em nossa frente. Marcos correu para verificar
se Íris tinha se machucado, Nayla chorava copiosamente ao lado do corpo de
Carolina e Leonardo.
- Quem é este que nos salvou? – perguntou Íris.
- Com certeza é um rebelde andarilho. Vamos esquecê-los, afinal
precisamos sair daqui. Nenhum lugar está seguro – disse Marcos.
- E os corpos deles? Não vamos enterrar? – perguntei ingenuamente.
- Se liga! Não temos tempo pra essas
caretices. Estamos na guerra, podemos morrer a qualquer momento. Pegue as armas
dos soldados, vamos precisar aprender atirar daqui pra frente – disse
Marcos, assumindo a liderança do grupo, após a morte de Leonardo.
Nayla,
que até então, eu não confiava, tornou-se minha melhor amiga sobrevivente. A
garota imigrante cuidava dos meus ferimentos, parecia ter alguma experiência
com curativos e muito sangue. Depois de 4 dias encontramos Dani no caminho. Foi
uma surpresa para todos. Contamos sobre a morte de Leonardo e a moça não
esboçou nenhum sentimento. Apesar de ter um ar de superior, Dani mantinha o
equilíbrio do grupo.
Quando
paramos para dormir perto de outra cidade fantasma, mais ao leste, avistei Dani
conversando no rádio portátil de Íris. Logo de início não achei nada demais,
apesar de ser estranho. Afinal, com quem ela se comunicava? Foi quando ouvi:
- Eu descobri que vocês mataram meu pai. E
isso não vai ficar assim Senhor Presidente de bosta. Ah, e avisa pro seu filho
toma no cú dele. Estou perto de Nova Amazônia e vou me vingar de todos vocês.
Acabou minha missão. Câmbio, desligando Ariel.
Então
nossa líder Dani não passava de uma impostora.
Eu
precisava contar ao restante do grupo.
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