É gente, não só de notícia alegre, vive o Entrelinhas e
Afins. Apesar da notícia ser da semana passada, sempre é válido
saudar os autores do cenário literário e também seus entes queridos. Todo mundo
sabe, que nós, somos de Cachoeiro de Itapemirim, aqui do Espírito Santo, cidade
do mestre das crônicas, Rubem Braga.
Na sexta
passada, dia 19 de maio, Roberto Seljan
Braga, de 79 anos, filho de ninguém menos que Rubem Braga, com a querida
Zora Seljan Braga faleceu de infarto. Roberto era filho único de Braga, esposa
de Maria do Carmos, e pai de quatro filhos. Assim como o pai, Roberto atuou
como jornalista, escritor e poeta – dizem que era um amante da literatura.
Apesar de caçar pelo mundo do Google, achei poucas coisas acerca do único filho
de Rubem Braga, que só acentuou o desejo de pesquisar mais sobre ele.
Rubem Braga, ao lado da esposa Zora e o filho Roberto, junto a Vinicius de Moraes
e a esposa, Tati de Moraes ( VEJA MAIS AQUI)
Embora tenha
nascido em São Paulo, Roberto vivia no Rio de Janeiro, no famoso e mítico, apartamento de Rubem. Pesquisando sobre a vida
de Roberto e suas memórias, com o ilustre Rubem Braga encontramos uma
informação muito ímpar (
quase inédita para nós), que somos pesquisadores dos Braga.
Lá em 1969, Rubem Braga foi operado de um nódulo no
pulmão. O cronista sobreviveu a essa cirurgia por 21 anos, quando, no começo de
1990 foi diagnosticado com câncer na laringe, motivo de seu falecimento. Antes de morrer, Rubem orientou seu filho
Roberto, por meio de um bilhete que dizia:
Meu filho,
Após a
cremação de meu corpo, providencie que as cinzas sejam transportadas em urna de
metal, e não de madeira, e lançadas ao rio Itapemirim. De maneira discreta, sem
cortejo e sem quaisquer cerimônias, por pouquíssimas pessoas da família, e de
preferência no local que só a sua tia Gracinha, minha irmã Anna Graça, tem
conhecimento. De preferência a ilha da Luz, ou a correnteza da ponte de Ferro
ou a correnteza da antiga ponte Municipal. Nem o dia deve ser divulgado, tudo
isso para evitar ferir suscetibilidades de pessoas religiosas, amigos e os
parentes. Agradeça a quem pretenda qualquer disposição em contrário, por mais
honrosa que seja, mas não ceda aos símbolos da morte, que assustam as crianças
e entristecem os adultos. Viva a vida.
Adeus.
Rubem
Braga
O bilhete foi transcrito fielmente daqui, tá?!
Esse bilhete
é tão geograficamente íntimo da gente, sim, nós, cachoeirenses, que temos ilha
da luz e ponte de ferro com parte integrantes do nosso cotidiano. Tudo bem que
o foco aqui é rememorar sobre as lembranças de Roberto, mas por outro lado não
tem como realçar as grandezas poéticas e humanas que Rubem realizou, durante
seu fazer como escritor.
Roberto Braga, filho único de Rubem Braga
Falar de
Rubem Braga sem sentir um saudosismo é inevitável, visto que a maioria de sua
crônicas, tendo em destaque “Os trovões
de antigamente” e “ Em Cachoeiro”
retratavam uma nostalgia acerca de sua infância e cidade natal. Pouco sabemos
sobre Roberto, mas enquanto pesquisava para fechar essa matéria, sem querer
encontrei na rede, o Daniel
Braga, um dos netos de Rubem Braga, que se junta a Julia e também Diana
e Rubem, do primeiro casamento de Roberto.
Rubem Braga em frente a Casa dos Braga em Cachoeiro
Num dos
posts na timeline de Roberto um de seus amigos citou um trecho, de possivelmente,
uma crônica na qual Rubem teria escrito para o filho, Roberto, fica aqui nossa
singela homenagem e saudação aos braguianos:
"Tenho um filho. É ainda um
menino — tem muitos caminhos a andar no mundo. Não pretendo que ande por
estradas de rosas, como um pequeno vagabundo no reino da Felicidade. Mas
pretendo que ele nunca precise andar pelos caminhos que o pracinha brasileiro e
outros milhões de pracinhas do mundo estão trilhando hoje: os caminhos onde a
todo instante um passo distraído pode ser uma explosão estúpida, e a morte. A
terra não foi feita para plantar minas — foi feita para plantar batatas,
estacas, trigo, café e mesmo — não creio que seja proibido, já que a terra é
tão grande! — flores."
Rubem Braga, Itália, 1945
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