Conhecida como Boca do Inferno, a jornalista vomita suas
verdades em seus perfis na rede, onde é acompanhada por milhares de leitores
assíduos, que a seguem e compartilham seus posts, muitas vezes polêmicos,
afinal não seria comparada à Gregório de Mattos à toa. Luciana Máximo é formada em Letras/Literatura, autora do polêmico
livro “Rabo
de Olho”, lançado em agosto de
2008 e atuou em diversas escolas municipais e estaduais, como professora de
Língua Portuguesa, porém foi no ramo do jornalismo que Luciana plantou suas
raízes, no qual colhe frutos no seu jornal, o “Espírito Santo Notícias”.
Luciana está
com uma exposição fotográfica no Pronto Atendimento Médico de Presidente
Kennedy, Contemplação onde ela exibe belíssimas paisagens do litoral Sul,
exposição esta que já esteve no Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim,
Hospital Nossa Senhora da Conceição de Piúma, Câmara de Anchieta e Instituto
Federal do ES, Piúma.
Relançamento do livro "Rabo de Olho".
Luciana
responde a alguns processos por calúnia e difamação, devido ao teor de suas
reportagens. Já recebe várias ameaças e também coleciona alguns títulos por sua
ousadia, o último foi na Câmara de Anchieta após exibi uma série de reportagens
sobre Agroturismo, Agronegócio e Agroindústria. Essa jornalista é mesmo
porreta. Recentemente foi ameaçada no Hospital do Mepes, em Anchieta, quando
apurava a reportagem que envolve o caso das 27 crianças que passaram mal após
comerem merenda na Escola Padre Anchieta.
1) Conheço um pouco de sua história porque tive
a oportunidade de participar de uma mesa redonda junto com você, no curso de
Letras, no ano passado. Mas, me conta como foi chegar até aqui com Espírito
Santo Notícias, qual foi sua principal dificuldade? É fácil escrever notícia
com tanta informação rápida por aí?
Então, uma
trajetória longa, que vou escrever na minha autobiografia. Tudo começa quando
eu me descontento com o modelo de jornalismo que estava acostumada a trabalhar.
Mas, esquece o passado. Em 2011 aceitei o desafio de lançar um jornal no Litoral.
Não tinha grana. Um empresário da região veio com o recurso e eu com o talento
editorial. Lançamos, incialmente o jornal se chamava O Estado Notícias. Mas,
houve um conflito na região com outro jornal de nome semelhante e cores.
Mudamos para Espírito Santo Notícias. Quatro meses depois meu sócio queria usar
o veículo para tirar proveitos políticos, ele tinha outros interesses, e eu sai
fora.
Recebendo o título das mãos do Vereador Max, de cidadã Piumense.
Como a ideia
já estava plantada, minha companheira me instigou a lançar o próprio jornal.
Arrisquei-me, contratei um contador e abri a empresa. No início apelei para
empréstimos para pagar a gráfica. Foi difícil demais. Em seguida vieram os
processos, eu tinha muita emoção ao escrever e acabava sofrendo ações
judiciais. Depois o jornal ganhou nome e força, e começamos a fechar
publicidades com prefeituras e instituições. Ganhamos folego e continuei no
mesmo foco, bato se, medo e não sento com ninguém para negociar. Os leitores
gostam disso, ousadia, “prafrenteza”. Hoje eu sou convidada para tudo, todas as
cenas, homicídio, prisões, festas, eventos, velório. Creio que sou o único
veículo que faz especial nas datas de comemoração dos municípios, registramos a
história de cada um, desde o surgimento.
Desculpe, me
empolguei e falei do Jornal Espírito Santo Notícias. Era para falar de como
cheguei até ele. Eu cheguei
até o jornal por pura teimosia. Eu sou daquelas pessoas que teve tudo na vida
para dar tudo errado. Passei por oito reprovações no meu período escolar.
Trabalhei 15 anos em padaria, a última padaria eu fui despedida depois de subir
em cima da mesa de confeitaria e declamar o Aviso da Lua que Menstrua da Elisa
Lucinda aos padeiros. Em seguida fui contratada no extinto Jornal Diário
Capixaba.
Recebendo título Mulher Kennedense
Eu comecei
atuando na FOLHA
ES, em 1999, como estagiária. Depois me tornei repórter policial e
acabei que trabalhei SETE anos escrevendo sobre as mazelas da sociedade. Depois
eu resolvi escrever um livro e vomitei em pequenos desabafos os podres que
ficam por trás das cortinas da sociedade. Tive de sair de Cachoeiro, denunciei
uma corja, o espaço ficou pequeno pra mim.
Aqui no
litoral eu vi a necessidade de um jornal de verdade, e assim, Luciana Maximo
apresenta o Espírito Santo Notícias.
2) Quem é
a Luciana Máximo de verdade?
Um ser
humano inconformado com as injustiças sociais. Uma pessoa que detesta a
mentira, tem pavor de traição, sente ojeriza pela corrupção, passa mal com
depois que acompanha fatos envolvendo criança e adolescente (violência, assedio
e outros). Luciana Maximo é sonhadora, ama as letras, adora poesia, e tem asco
pela hipocrisia. Não sabe bajular e manda tomar no cu na hora que precisa.
Luciana é louca para uns e para outros, uma pessoa do bem, que não tem vaidade,
gosta de chinelos no pé, convive em todos os meios. Tem uma companheira de
muitos anos, “adotou” um casal de crianças lindas, e é completamente
apaixonada pela vida...
3) Dentro
de um contexto jornalístico como você lida com as “notícias falsas”? Seu
trabalho já foi prejudicado devido a notícia falsa?
Não. Lido com vermes, às vezes que tentam plantar
informações que não procedem, mas eu levanto os pormenores. Os boatos eu acabo
com eles em dois tempos. Não caio em armadilhas, nem escuto apaixonados
políticos, não tem paciência para vitimismo. Quando recebo a ligação eu começo
apurando logo, quando descubro a verdade, ligo de volta e como no esporro.
4) O que
tem da professora ( formada em Letras)
Luciana Máximo, dentro da jornalista que você é hoje?
Tudo! Eu faço palestras em várias escolas. Faço questão
de manter o vínculo. O ambiente escolar me fascina. Tem mais que isso, eu sou
uma eterna e faminta pesquisadora. Adoro buscar novos significados, amo o
texto, brinco com as palavras, me debruço muitas das vezes buscando sinônimos
para não repetir palavras. Procuro diariamente melhorar cada vez mais. Sou meio
insana para dizer a verdade. A jornalista é devoradora de textos...
Juntamente com alunos em Projeto de Literatura
5) Já
pensou em parar de escrever no jornal?
Sim...
Todo dia eu juro que vou lagar essa cachaça. Todo dia eu penso em um sitio
longínquo, uma pequeno lago, uma horta e um fogão de lenha. Eu penso em
produzir literatura. O jornal me cansa, me estressa, me adoece. Eu fico puta da
vida quando vejo omissão, tenho vontade partir pra cima na mão.
Eu
odeio políticos imundos, mentirosos. Odeio ver pessoas doentes e não haver um
plano para resolver isso. Odeio saber que alunos estão estudando em escola
sucateadas. Odeio ver idosos em asilos, odeio ver crianças em casa de
passagens. Odeio registrar essas mazelas toda hora. A sociedade é um lixo doente,
e manipulada por outro lixo de sistema falido.
6) Como
você lida coma repercussão dos seus posts nas redes? Ainda te assustam alguns
tipos de comentários agressivos?
Hoje eu tiro sarro, debocho na cara dura. Tem casos
que a pessoa me chama no zap pra continuar me ofendendo e eu digo, seja feliz
querida, tenta dá meia hora de cu pra relaxar.
7) Como eu
sou um blogueiro literário, e tenho um blog repleto de textos poéticos, eu
preciso lhe fazer uma pergunta especial: você acredita que ainda exista público
leitor de texto poético ( crônica e afins) no jornal? Ou as pessoas,
infelizmente, só se importam com a notícia crua?
Muita raça,
como dizem os piumenses. A poesia é o que nos salva. Sei que tem os ignorantes
incapazes de compreender uma metáfora, mas é bom que eles existam, assim a
gente pode esculhambar com eles em um bom texto e eles imaginarem que estão
elogiando.... Brincadeirinha.
Veja, temos
leitores que colecionam as páginas de literatura do jornal. A linguagem poética
toca a alma. O público é vc quem busca e direciona. Creia, nunca faltara espaço
a essa linguagem, se faltar, podemos morrer, não vale mais a pena está no meio
de tantos boçais.
8) Me conte Lu, qual foi a pior notícia que você teve que
relatar?
Coleciono
lembranças tenebrosas: um acidente com seis pessoas da mesma família que
tiveram as cabeças arrancadas depois do Pálio entrar embaixo de uma carreta
cegonha carregada de veículos. O teto do Pálio saiu junto com as cabeças dos
ocupantes. Essa é uma delas.
9) Para
encerrar esse bate papo intimista, nas horas vagas você prefere ler um livro
daqueles de cabeceira ou se joga na Netflix? Rs
Nenhum
dos dois. Saio para brincar com as crianças. Minha cabeça não aguenta mais
tanta coisa. TV não tem meu tempo e livros, há tempo não tenho na cabeceira,
durmo sempre depois das 2h00, já chego morta na cama...
Luciana junto com sua família: Ana Cláudia (companheira), Jorge Henrique e Agatha (filhos).
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